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Caminhos da viabilidade científica


Não é surpresa que tudo que possamos produzir, intelectualmente, no nosso movimento para entender o mundo, possua falhas, maiores ou menores. De todo tipo. Lógicas, muitas vezes, por deficiência formativa do pesquisador ou por conta de sua inclinação poética ou artística, por exemplo. Outras por falta de sustentação conceitual ou carência de informações. Diversas vezes por falta absoluta de noção do que se está tratando. O Homem pensa sobre o mundo e busca a verdade e, nas universidades, pensa de forma profissional. Mas perfeição não existe nas coisas pensadas pelo Homem, nem nas universidades. Há sempre incompletude.


Os críticos, ou avaliadores, podem ler livros e artigos científicos e condená-los pelos mais diversos motivos. Mas a verdade é que todos são condenáveis de uma forma ou de outra em alguma de suas dimensões ou em algum de seus momentos. São sempre parciais, há sempre coisas desconhecidas que não podem ser ponderadas na especulação científica. Por isso as especulações estão destinadas à obsolescência total ou parcial.


Ninguém pode, por exemplo, tomar Aristoteles, que é o maior de todos os pensadores do mundo antigo, e dizer que tudo nele é perfeito. Na verdade, as falhas, os erros e as deformações asseguram uma imprecisão, a incerteza que tensiona a interpretação e que sugere ou exige soluções. Que são, novamente, recheadas de falhas. Mas pode alguém condenar um texto em função da distância ou imprecisão na interpretação da verdade? É alguma criatura capaz de deter todo sentido da verdade? A questão nunca estará no feito, mas na deficiência da intenção. O pensamento é muito menor que a verdade. Mas a vontade honesta de alcançá-la é suficiente para a justificativa do inquérito.


Não se chegaria a Marte sem esse processo de constante correção de proposições tecnológicas que se desenvolveram desde o século XVIII, ao menos. Mas se citamos as poéticas soluções de engenharia de Leonardo da Vinci para o vôo humano, podemos observar que a ansiedade pela solução do processo técnico nessa direção é bem mais antiga que o século XVIII. Se formos, ainda mais longe, ao mito de Ícaro, devemos supor que alguém tenha sugerido que o caráter fantástico. mas fascinante, da narrativa exigia a sua transfiguração em realidade.


É certo que a universidade nos salva do império da ignorância. Mas sempre estaremos, neste mundo, imersos nessa dificuldade de  interpretar o universo e assim permanentemente atônitos diante do mistério das coisas. E por isso somente a fé, a esperança e o amor podem nos salvar da escuridão do tempo e tornar viáveis e satisfatórias nossas inviabilidades e insatisfações.

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© 2025 by Edgard Leite

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