Edgard Leite Ferreira Neto
A percepção de que há uma ordem no mundo, tanto neste, finito, quanto num outro, infinito, é um fundamento importante para o pensamento. Por tal entendimento podemos nos situar, diante da vida, com clareza e certezas, mesmo considerando que a existência, aqui, é repleta de obscuridades e incertezas.
O conhecimento do mundo avança no entendimento dessa ordem, tanto naquela visível, quanto na invisível, e no entendimento da fonte última de ambas, Deus. E, portanto, não há contradição possível entre as dimensões do cosmo. Pois o natural e o sobrenatural se harmonizam no plano do Criador. Assim entendia São Tomás de Aquino.
Há elementos universais que podem ser encontrados nas coisas que nos cercam, no necessário, no constante e no essencial. Isso nos permite caminhar em segurança pela rua, entrar num avião, ir à lua, comer em algum lugar ou apenas passear. Mas essa ciência não sustenta, por si só, a qualidade das nossas decisões. O como fazemos ou porque fazemos tudo.
E por isso a história é, acima de tudo, o estudo de nossas tentativas de fazer coisas certas ou de nossas insistências em fazer coisa erradas, conectadas, ou desconectadas, a algo, ou de algo, maior que a ciência das leis do mundo.
A filosofia complementa a ciência, pois nos permite o conhecimento de Deus, e nos convida ao estudo das criaturas e como elas atuam no entendimento da Eternidade. E a teologia nos orienta a entender como tudo começa com Deus e tudo com ele se relaciona. Esses amplos movimentos intelectuais nos conduzem à percepção da harmonia entre o natural e o sobrenatural, entre razão e revelação. A razão vem do mundo e, por entender a criatura, nos conduz ao conhecimento de Deus. E Deus, vindo das alturas, desce ao ser humano pela revelação. E nessa ordem maravilhosa das coisas, se vive a verdade.
Ir na direção da verdade é objetivo do ser. E mesmo quando os horizontes vão se ampliando e mais elementos são colocados ao nosso entendimento das coisas, continua havendo mistério, mas também verdade a ser alcançada e vivida, pelo intelecto e pela graça. Sem essa verdade, nada somos. Nos tornamos apenas fragmentos de consciência, rumores de existência, pálidas sombras de sentimentos perdidos.
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