Edgard Leite Ferreira Neto
A jornada da vida humana é, sempre, uma infinita jornada moral. Nela, ao longo dos anos, vamos amadurecendo, em nós, a percepção do que é bom ou mal, do certo e do errado. Há muita anarquia nisso, e por isso muitas vezes a vida nos parece confusa.
Grande parte das pessoas, especialmente neste nosso mundo, acredita que pode construir paradigmas próprios, ou pode tomar emprestado algum, ou alguns (de forma simultânea), dos inumeráveis modelos de conduta elaborados pelos modernos. Estes, na verdade, acabam se impondo nos meios de formação das consciências. Muitos deles sustentam perspectivas relativistas, outros, subjetivistas. Todos benéficos a que se possa viver de forma centrada exclusivamente no mundo. E a escolha do pecado, esse ato de escravidão, é sempre muito mais fácil que o da escolha da virtude. O erro enche todos os nossos sentidos e invade nossa intimidade.
Pecados e virtudes estão diante de nossos olhos e sentimentos. Uns apontam para o mundo, outros para a Eternidade. Há aqueles, que, mesmo imersos nas seduções do mundo, sustentam, prudentemente, a crença de que há algo além deste, e buscam uma sintonia com essa dimensão maior. Deveria ser evidente, como sempre foi, que aqui há dor e que só colocando-se diante dessa dor de forma contemplativa pode-se transforma-la em redenção. Mas nunca é suficiente afirmar e defender tal realidade universal.
De qualquer forma, como sempre, a grande responsabilidade nesse assunto repousa no indivíduo, pois cabe a ele, mesmo enquanto escravo (e hoje muitos e cada vez mais o são), tomar decisões sobre as suas escolhas. Mesmo que seja um ato mínimo de adotar essa ou aquela visão sobre sua própria escravidão.
Toda a sabedoria da humanidade, ao contrário do pensamento moderno, tão fragmentado na sua ausência de substância, sempre insistiu que o visível, sendo belo ou horrendo, é apenas uma parte menor de algo maior. E que é no espírito que existe a única continuidade perceptível. Por isso o nosso caminho, enquanto caminho moral, se quer ser algo pertinente, não tem porque abandonar essa síntese entre imaginação e razão, quando essas nos abrem um outro mundo.
O nosso caminho, e não à toa o é de grande parte da humanidade, é o caminho da Bíblia, e de tudo aquilo que a partir desta foi pensado, vivido e sentido. O de ir descobrindo, desde a infância, com todos os erros e mentiras da existência, as formas de exercer a autêntica liberdade: a que nos dirige à verdade. É este caminho aquele histórico e maravilhoso movimento ali descrito, individualmente vivido: o de sair do paraíso e a ele retornar.
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