por Edgard Leite Ferreira Neto
É difícil pensar diferente daqueles que controlam o pensamento neste mundo. Mas, às vezes, não temos outra escolha senão faze-lo. Alguma coisa nos leva a não repetir o que está sendo repetido. A não acreditar naquilo em que todos crêem. Vem de dentro essa necessidade da dissidência. E, é claro, há também, em tal necessidade, essa aguda vontade, ou ânsia, de ter algo mais profundo do que aquilo que o mundo nos dá. Se me angustio, por que me drogaria? Por que não iria buscar a mais útil e agradável crença na eternidade? Que preenche sem dor, sem vício, o coração?
Pois muitos não se dão conta de que crer apenas no mundo é uma crença, um tipo de fé. Não se pode saber, com certeza, se nada há além dele. Ter a Fé na eternidade, igualmente: é Fé. Mas esta nos acrescenta coisas, nos torna tranquilos, serenos, preparados para a realidade transitória do mundo. Nos preenche a vida com sentidos e milagres. E, por que, de fato, se proíbe a crença no infinito?
Quem crê na eternidade nunca se importará com aqueles que nela não creem. Mas apenas ficará triste pela infelicidade que se instala naquelas almas, nos equívocos, na escravidão ao mundo. O que não crê no Eterno, curiosamente, quer obrigar o crente a renunciar à sua crença, a viver imerso no mundo, adorando a si mesmo e aos seus desejos transitórios. Hoje o mundo é só culto ao prazer. Todos os filmes, músicas, textos, entendem que não deve haver sofrimento. Apenas reconhecimento ao direito a todos os desejos. Que não pode haver controle, nem contenção, nem prudência. Pensar diferente disso, no entanto, se difícil, se mesmo quase impossível, é experiência agradável.
O sofrimento não é mais que o caminho para a redenção. O vivemos e o transcendemos continuamente. E com ele caminhamos pelo Monte das Oliveiras da vida, no caminho da serenidade absoluta.
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