Edgard Leite na entrega do prêmio do Concurso Fábio Dorf 2025, da B'nai B'rith, no ORT
- Edgard Leite

- 15 de set.
- 2 min de leitura

É para mim uma grande honra ter participado como examinador do Concurso Fábio Dorf 2025, da B'nai B'rith, e participar da entrega dos prêmios aqui, no ORT. A maioria esmagadora dos trabalhos demonstrou um esforço grande, de pesquisa e de entendimento, na reflexão sobre o tema do antissemitismo nos dias de hoje.
Pudemos observar duas posições claras defendidas nos trabalhos apresentados.
A primeira é a de que a solução do problema do antissemitismo passa por um controle maior ou menor da circulação de ideias, especialmente nas redes sociais. Tal posição, que teve uma presença significativa no concurso do ano passado, praticamente desapareceu no deste ano.
Talvez porque o controle das ideias, evidentemente, tem seu papel, é importante, em determinadas circunstâncias, mas na prática é limitado, transitório e perigoso. Primeiro, porque transfere a outros a decisão de controlar o que se pensa. Trata-se de atitude pouco prudente, pois as políticas de controle mudam muito ao longo do tempo. E o que é proibido hoje pode ser obrigatório amanhã. E, segundo, porque controlar a circulação de ideias é sempre arriscado. Isso porque o proibido, como bem disse um filósofo medieval, Agostinho de Hipona, sempre atrai, independente de seu conteúdo.
É a pessoa humana, com sua consciência, que deve ser apoiada na sua liberdade, na plenitude de sua capacidade de decisão. Mas, para isso, é necessária a existência de fundamentos virtuosos para o exercício da vontade.
A segunda tendência, portanto, corretamente, foi a que nos pareceu predominante neste concurso de 2025. É aquela que sustenta a importância da verdade, na ação contra o antissemitismo. A verdade, realmente, é mais forte que qualquer controle, que qualquer ilusão. A verdade sempre vence a mentira, transforma a percepção das coisas e liberta a consciência. Fundamenta decisões virtuosas.
O povo judeu tem uma natureza atávica, aquela que, na Torá, foi estabelecida por Deus a Abraão: "em tua descendência serão benditas todas as nações da terra" (Gn 22: 17). E isso a história nos mostra ser uma verdade: do povo judeu vem transformações contínuas, na civilização e na ciência, e dele vem assim uma luz contínua que ilumina o mundo.
Mostrar a verdade sobre o povo judeu, sua trajetória humana neste mundo, seus incontáveis desafios, erros e acertos, tragédias e vitórias, nos permite viver a admiração por esse povo notável e contemplar a grandeza da natureza que o sustenta. E por isso também disse Deus a Abraão e à sua descendência: "abençoarei os que te abençoarem" (Gn 12:3).
Porque ao reconhecer essa verdade, somos abençoados com a percepção de que o mundo é repleto de coisas extraordinárias, e uma delas é o povo judeu. Que é, também, na sua trajetória, no tempo, uma representação sublime da condição humana. Pois dele vem, na fragmentação dos momentos, a simultânea e misteriosa percepção e experiência da eternidade.
Parabéns a todos o que participaram desse concurso e que trataram, nos seus textos, da defesa dessa verdade profunda: o povo judeu é grandioso e milagrosa é a sua contínua vitória sobre a escuridão.








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